Vamos colocar logo abaixo de cada texto o seu resumo.
TEXTOS
1 - O que fazer pedagogicamente com a diversidade na sala de aula (Resumo feito por Rosângela, postado na tarefa abaixo)
2 - Caderno Temático da Diversidade – Educação Escolar Quilombola: Pilões, Peneiras e Conhecimento Escolar
- Capítulo:
- Comunidade Remanescentes de Quilombos, Terras de Pretos, Comunidades Negras Rurais Tradicionais e a Gestão de Políticas Públicas Educacionais no Estado do Paraná – Cassius Marcelus Cruz e Willian Simões (Resumo feito por Elciana)
3 - Caderno Temático – Educação Escolar Indígena
- Capítulos:
- As Populações Indígenas no Paraná (Resumo feito por Márcio)
- Etnomatemática e ação Pedagógica (Resumo feito por Eguimara Branco)
4 - Caderno Temático – Educação do Campo
- Capítulos:
- Elementos para construção do Projeto Político e Pedagógico da Educação do Campo (Resumo feito por Rosângela)
- Os desafios da Construção de Políticas Públicas para a Educação do Campo (Resumo feito por Edney)
VÍDEOS
Conjunto de vídeos – Seminário: Família, escola e cidadania. Quais os caminhos?
1 www.youtube.com/watch?v=89BMhivvRFE
2 www.youtube.com/watch?v=ome3uj0PjlA&feature=relmfu
3 www.youtube.com/watch?v=ggvx6c-_yJk&feature=relmfu
4www.youtube.com/watch?v=hsrRsNLgnSw&feature=related
Novos paradigmas da educação
5 www.youtube.com/watch?v=GQPXp7KOYAM&feature=related
6 www.youtube.com/watch?v=fcbx2cDZY24&feature=related
Questões norteadoras a respeito dos vídeos de Mário Sérgio Cortella.
Considerando:
*O perfil da comunidade escolar a que atendemos, com a "urgência da geração miojo" e que recebem tudo;
*A autonomia que devemos desenvolver em nossas(os) alunas(os);
* Os novos paradigmas da educação, para repensar, rever e apontar novos caminhos. Como alterar a prática pedagógica e vencer a cautela imobilizadora de forma a despertar o interesse pela educação e dar perguntas e não respostas às(aos) nossas(os) alunas(os)?
Frente à necessidade de exemplificar (significado espistemológico de paradigma) e seguir em direção ao futuro, preservando o essencial (conhecimento), mas abandonando o arcaico, como envolver o grupo de professores(as) e equipe pedagógica e adminstrativa, para elaborar um planejamento que inclua a participação dos(as) alunos(as) nessa elaboração e que contextualize os conteúdos escolares na vida cotidiana?
AMBIENTE MOODLE:
Fórum de Discussão: Diversidade Escolar - Escolas do Campo, Indígenas e Quilombolas
por WILSON BRASILIO - terça, 2 outubro 2012, 09:58
Neste espaço, o representante do grupo de estudos deve postar uma síntes do texto final. Trata-se de uma discussão, portanto o texto é mais informal, porém, não menos comprometido com a discussão.
Lembre-se que essa postagem deverá ter no mínimo 10 e no máximo 20 linhas.
Para inserir a postagem do seu grupo, clique em Responder, logo abaixo, à sua direita.
RESUMO PARA O MOODLE:
Tarefa: Texto Final do Módulo: Neste espaço você deve postar o trabalho final do grupo, ou seja, um texto conclusivo, produzido a partir da leitura dos textos de apoio, da assistência dos vídeos indicados e das discussões realizadas durante o encontro presencial do grupo de estudos.
Mínimo: 5 e máximo 15 páginas
TRABALHO FINAL DO 1º MÓDULO
1ª parte: Breve apresentação do corpo do trabalho, ou seja, o que será abordado no texto.
Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise do contexto educacional da escola pública paranaense, tendo como pano de fundo, as nossas práticas pedagógicas, com o intuito de apresentar sugestões de trabalho para serem desenvolvidas no interior da sala de aula. Nossa pretenção é apresentar um breve estudo sobre a diversidade na sala de aula. Temos consciência que é um trabalho amplo e que necessita de aprofundamentos, desta forma, nossa análise se restringe aos textos de apoio apresentados no grupo de estudos do DEEIN.
O trabalho se pautará nas orientações pedagógicas, realizadas pela SEED-PR, por ocasião da 1ª semena pedagógica de 2012, onde discute o tema diversidade na sala de aula. A seguir, apresentamos nossas conclusões do Caderno Temático da Diversidade – Educação Escolar Quilombola: Pilões, Peneiras e Conhecimento Escolar, dos capítulos: Comunidade Remanescentes de Quilombos, Terras de Pretos, Comunidades Negras Rurais Tradicionais e a Gestão de Políticas Públicas Educacionais no Estado do Paraná – Cassius Marcelus Cruz e Willian Simões. A terceira parte apresenta o Caderno Temático – Educação Escolar Indígena, onde analisamos os capítulos: As Populações Indígenas no Paraná e a Etnomatemática e ação Pedagógica. A seguir estudamos o Caderno Temático – Educação do Campo, sobre os capítulos: Elementos para construção do Projeto Político e Pedagógico da Educação do Campo e os Os desafios da Construção de Políticas Públicas para a Educação do Campo.
2ª parte: Análise e diagnóstico da situação da escola frente aos conceitos e informações apresentadas nos textos de apoio.
Os textos de apoiam denunciam, ainda nos dias atuais, situações e atitudes de discriminação no interior da escola e, consequentemente, de nossa sociedade, assim como as ações que vem sendo desenvolvidas para sanar tais problemas, as quais passamos a relatar a seguir:
O que fazer pedagogicamente com a diversidade na sala de aula
A SEED procedeu a instituição das equipes multidisciplinares, com o intuito de fazer a implementação das Leis Federais 10.639/03 e 11.645/08, visando incorporar as dimensões da História e Cultura Afrobrasileira, Africana e Indígena no currículo de educação básica e nas práticas político-pedagógicas das/os educadoras/es; a normatização da utilização do Nome Social de travestis e transexuais nos registros escolares, em nossa rede; planejamentos de formação continuada; produção de material; elaboração e implementação de marcos legais que normatizem a política educacional para a diversidade; realização de editais de contratação específicos para as populações do campo, indígenas e quilombolas; organização de ensino profissionalizante específico para a população indígena; implementação do projeto de protagonismo juvenil; convênios para o desenvolvimento de programas e projetos educacionais específicos para a juventude.
Caderno Temático da Diversidade – Educação Escolar Quilombola: Pilões, Peneiras e Conhecimento Escolar
Capítulo 1
COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS, TERRAS DE PRETOS, COMUNIDADES NEGRAS RURAIS TRADICIONAIS E A GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS NO ESTADO DO PARANÁ (Resumo feito por Elciana Goedert)
Cassius Marcelus Cruz
Willian Simões
Em 2004 durante o l Encontro de Educadores Negros do Paraná houve um processo de discussão e problematização sobre a inviabilização da população negra no Paraná, questionando a historiografia paranista, que defende que o estado foi formado por matrizes étnicas européias, e desconsiderando a existências e as contribuições indígenas, africanas e afro-brasileiras. Os focos do trabalho foram a visibilidade das Comunidades Remanescentes de Quilombos e as contribuições da população negra no desenvolvimento o Paraná. Ocorreram debates e a problematização acerca da existência das comunidades quilombolas, gerando expectativas nos educadores, visto que, naquele momento, os indicativos numéricos eram imprecisos, ou seja, haviam 8 (oito) comunidades talvez 10 (dez). Mas pouco se conhecia oficialmente acerca de sua localização, dimensão territorial, especificidades culturais, políticas, econômicas, educacionais e socioambientais.
Neste encontro, as Secretarias de Estado da Educação e a da Cultura, trocaram informações, para conhecer a realidade quilombola, cada qual sob seu enfoque. Na Educação, a principal motivação foi a implementação da Lei 10.639/03 que instituiu a obrigatoriedade do ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira e Africana no currículo do ensino fundamental; e na Secretaria de Cultura, o programa denominado o novo “Paraná da Gente”.
Para confirmar a presença negra no Estado, como consequência, em 2005 a SEED contribuiu para a criação do Grupo de Trabalho Clóvis Moura. Este grupo vem rompendo com o pacto do histórico silêncio das elites e, em especial com o viés predominantemente latifundiário, como mecanismo de invisibilização das questões étnico raciais do Paraná. Ele foi composto, em sua maioria por professores que iniciaram um trabalho de diagnóstico quantitativo e qualitativo, onde foi mapeado o número de comunidades e suas características socioeconômicas, culturais e educacionais:
- grandes dificuldades econômicas (sem titulação de suas terras);
- grande déficit em políticas públicas de saneamento básico, habitação, saúde, educação, etc.
- muitas de suas especificidades culturais foram silenciadas, algumas proibidas de serem praticadas e reproduzidas.
Diante disso e considerando o direito dessas comunidades à uma educação pública e de qualidade, principalmente no que diz às suas especificidades culturais, a SEED, por meio do DEDI (Departamento da Diversidade), passou a desenvolver um projeto diferenciado para elas.
Atividades realizadas:
- mapeamento das escolas que atendem essas comunidades incluindo a distância percorrida pelos alunos das comunidades.
- cursos de Formação Continuada para professores, ampliando os conhecimentos sobre as realidades quilombolas, possibilitando um debate sobre as mudanças necessárias ao atendimento escolar e a melhoria na qualidade de vida das comunidades;
- elaboração de material pedagógico para alfabetização dos quilombolas com formação de turmas de alfabetização dentro das comunidades (perspectiva metodológica freireana), garantindo um aprendizado que contribuísse com a afirmação e a valorização da(s) cultura(s) e identidade(s) as mesmas.
- criação da Escola Quilombola Maria Joana Ferreira na Comunidade Maria Adelaide Trindade.
- construção do Colégio Estadual Diogo Ramos na comunidade João Surá, no município de Adrianópolis-PR.
- elaboração de uma proposta pedagógica específica, para ser adotado em Escolas Estaduais que serão construídas em Áreas Remanescentes de Quilombos (ação inédita no país), articulando Escolarização, Educação das Relações Etnicorraciais e Etnodesenvolvimento Sustentável e Solidário.
Esse trabalho trouxe à tona uma realidade perversa vivenciada por uma das etnias que contribuiu na construção do Brasil, em particular o Paraná. Diante disso, é preciso olhar de frente para, um amplo processo de cidadania incompleto e que anseia por ações e políticas públicas, visando o reconhecimento e a garantia dos direitos territoriais dos descendentes dos africanos capturados, aprisionados e escravizados pelo sistema colonial português. As terras dos quilombos foram consideradas parte do patrimônio cultural desses grupos negros e enquanto tais devem ser alvos de proteção por parte do Estado.
O Governo do Estado do Paraná, através da SEED, Secretaria da Cultura e do Grupo de Trabalho Clóvis Moura, sentiu-se no dever de revelar ao Brasil uma outra história paranaense, para além das presenças e das influências étnicas europeias, a presença marcante do povo negro das Áreas Remanescentes de Quilombos, Terras de Pretos e Comunidades Negras Tradicionais. O Estado, em seu papel político-jurídico-administrativo do território, tomou para si, o desafio de cumprir, com qualidade e respeito, um atendimento específico ao povo negro dessas comunidades, sujeitos de direitos constitucionais, que dado a voz, mostraram suas históricas realidades de abandono estatal, com efeitos negativos referentes às condições econômicas, culturais, políticas e socioambientais.
A SEED, mesmo não sabendo até onde o levantamento, a localização e a caracterização das comunidades negras poderiam chegar, adotou imediatamente uma metodologia de atendimento que buscasse dar conta das especificidades apresentadas, os resultados, longe de serem imediatistas, já revelam mudanças significativas. Como a exemplos, o reconhecimento dos Quilombolas como sujeitos do processo de ensino e aprendizagem; as suas especificidades culturais como parte dos conteúdos escolares, o processo de erradicação do analfabetismo e a elaboração de uma proposta pedagógica específica capaz de contribuir para a qualificação social e profissional dos educandos, instigando os mesmos a construírem propostas de desenvolvimento territorial sustentável para suas comunidades.
REFERÊNCIAS
FERNANDES, Ricardo Cid (org). Relatório Histórico Sócio Antropológico da Comunidade Remanescentes de Quilombo João Surá. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Curitiba, 2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
Caderno Temático – Educação Escolar Indígena
Etnomatemática e ação Pedagógica (Resumo feito por Eguimara Branco)
Nas Diretrizes Curriculares Estaduais da disciplina de Matemática (2006, p.24, p.25), quando dos fundamentos teórico metodológicos da Educação Matemática como campo de estudos que possibilita ao professor organizar sua ação docente, fundamentado numa ação crítica que concebe a Matemática como atividade humana em construção; já sugere-se como tendência metodológica, a Etnomatemática.
O termo “Etnomatemática” ficou conhecido por meio de Ubiratan D’Ambrósio (1975), em seus estudos sobre a importância da dimensão, onde considera que,
[...] a EM caracteriza-se como uma práxis que envolve o domínio do conteúdo específico (a matemática) e o domínio de ideias e processos pedagógicos relativos à transmissão/assimilação e/ou à apropriação/construção do saber matemático escolar (FIORENTINI, LORENZATO, p. 5, 2007).
O educador tinha por proposta que para ensinar matemática, deve-se considerar à influência dos fatores socioculturais dos indivíduos presentes. Pois segundo esse pesquisador,
[...] indivíduos e povos têm, ao longo de suas existências e ao longo da história, criado e desenvolvido instrumentos de reflexão, de observação, instrumentos materiais e intelectuais [que chamo de ticas] para explicar, entender, conhecer, aprender para saber fazer [que chamo de matema]como resposta a necessidades de sobrevivência e de transcendência em diferentes ambientes naturais, sociais e culturais [que chamo etnos](D ’AMBRÓSIO, p. 60, 2002).
Assim, entende-se que na intenção de atender tais demandas na escola, condera-se a etnomatemática como tendência metodológica possível, uma vez que considera os conhecimentos como “algo vivo”,
[...] lidando com situações reais no tempo e no espaço. E, através da crítica, questionar o aqui e agora. Ao fazer isso, mergulhamos nas raízes culturais e praticamos dinâmica cultural. Estamos, efetivamente, reconhecendo na educação a importância das várias culturas e tradições na formação de uma nova civilização, transcultural e transdisciplinar (D’AMBROSIO, 2002, p.46).
Mais do que recuperar saberes matemáticos passados e presentes de grupos culturais, a proposta da Etnomatemática consiste em dar visibilidade aos saberes de grupos culturais marginalizados por não fazerem parte de uma cultura hegemônica, de um grupo dominante.
Nessa perspectiva, torna-se importante também a presença do professor pesquisador, que busca o conhecimento das diversas culturas presentes no espaço escolar e privilegia ações pedagógicas específicas para esse público. Tal postura tem em vista conhecer e ampliar horizontes - de alunos e professores - sem valorizar ou desvalorizar um ou outro saber, mas adequá-lo a cada momento da vida.
Referências
D’AMBRÓSIO, U. Etnomatemática – elo entre as tradições e a modernidade. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
FIORENTINI, D.; LORENZATO, S. Investigação em Etnomatemática – percursos teóricos e metodológicos. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2007.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Diretrizes Curriculares de Matemática para a Educação Básica. Curitiba: SEED, 2006.
Caderno Temático – Educação do Campo
Elementos para construção do Projeto Político e Pedagógico da Educação do Campo
O campo é espaço de vida digna, sendo legítima a luta por políticas públicas específicas e por um projeto educativo próprio para seus sujeitos. Há a denúncia dos graves problemas de falta de acesso e de baixa qualidade da educação pública destinada à população trabalhadora do campo.
Foram aprovadas as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo (Parecer n. 36/2001 e Resolução 1/2002 do Conselho Nacional de Educação).
O desafio que se impõe é o da práxis: avançar na teoria para poder dar um salto de qualidade na luta política e nas práticas produzidas até 2004. É preciso significar o nome Educação do Campo e constituir teórica e politicamente a nova bandeira.
Este desafio se desdobra em duas tarefas combinadas:
- · identificar as dimensões fundamentais da luta política a ser feita a partir de 2004;
- ·
É um trabalho que será tanto mais legítimo quanto realizado de modo coletivo.
Traços de identidade da Educação do Campo
A proposta de 2004, é pensar a Educação do Campo como processo de construção de um projeto de educação dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo.
Um dos fundamentos da construção deste projeto é a compreensão da sua materialidade de origem.
Elementos:
- ·
- · a barbárie provocada pela implantação violenta do modelo capitalista de agricultura;
- · a situação em relação à educação: ausência de políticas públicas que garantam o direito à educação e à escola para os camponeses/trabalhadores do campo; a emergência de lutas e de sujeitos coletivos reagindo a esta situação social;
- · as lutas camponesas;
- · uma nova qualidade de vida para a população que vive e trabalha no campo;
- ·
Formação humana vinculada a uma concepção de campo
A materialidade de origem da Educação do Campo projeta e constrói determinadas relações que Ihes são constitutivas. Pensar a educação desde ou junto com uma concepção de campo significa assumir uma visão de totalidade dos processos sociais; significa no campo da política pública, por exemplo, pensar a relação entre uma política agrária e uma política de educação; entre política agrícola, política de saúde, e política de educação, e assim por diante.
A visão de campo da Educação do Campo está em construção. Algumas questões/posições que já foram incorporadas ao nosso ideário:
a) A Educação do Campo é incompatível com o modelo de agricultura capitalista.
b) A Educação do Campo tem um vínculo de origem com as lutas sociais camponesas.
c) A Educação do Campo defende a superação da antinomia rural e urbana e da visão predominante de que o moderno e mais avançado é sempre o urbano, e que a tendência de progresso de uma localidade se mede pela diminuição de sua população rural.
d) A Educação do Campo participa do debate sobre desenvolvimento, assumindo uma visão de totalidade, em contra posição à visão setorial e excludente que ainda predomina em nosso país.
Luta por políticas públicas que garantam o acesso universal à educação
No: o povo tem direito a ser educado no lugar onde vive; Do: o povo tem direito a uma educação pensada desde o seu lugar e com a sua participação, vinculada à sua cultura e às suas necessidades humanas e sociais. (CALDART, 2002)
A educação somente se universaliza quando se torna um sistema, necessariamente público.
Projeto de educação dos e não para os camponeses
Trata-se de uma educação dos e não para os sujeitos do campo.
Movimentos Sociais como sujeitos da Educação do Campo
A Educação do Campo somente se tornará uma realidade efetiva como ideário, como projeto educativo e como política de educação, se permanecer vinculada aos movimentos sociais.
Um dos objetivos políticos da Educação do Campo é ajudar na mobilização e organização dos camponeses em movimentos sociais que fortaleçam e identifiquem sua presença coletiva na sociedade, e que seja seu espaço principal de educação para a participação e para as lutas sociais necessárias.
A Pedagogia do Movimento reflete sobre como os Movimentos Sociais constituem matriz pedagógica à medida que atuam como educadores ou como sujeitos pedagógicos da formação de novos sujeitos sociais, capazes de interferir de alguma forma no cenário político da sociedade atual.
Temos que pensar é em ações pedagógicas sintonizadas com a dinâmica social do campo, acelerada pela presença dos Movimentos Sociais.
Precisamos pensar que precisamos ajudar a educar não apenas trabalhadores do campo, mas também lutadores sociais, militantes de causas coletivas e cultivadores de utopias sociais libertárias.
Vínculo com a matriz pedagógica do trabalho e da cultura
A Educação do Campo nasceu colada ao trabalho e à cultura do campo. Como processo de humanização-desumanização dos sujeitos, e pensar como estes processos podem e devem ser trabalhados nos diferentes espaços educativos do campo.
São os processos culturais que garantem a própria ação educativa do trabalho, das relações sociais, das lutas sociais: a Educação do Campo precisa recuperar a tradição pedagógica que nos ajuda a pensar a cultura como matriz formadora, e que nos ensina que a educação é uma dimensão da cultura, como uma dimensão do processo histórico, e que processos pedagógicos são constituídos desde uma cultura e participam de sua reprodução e transformação simultaneamente.
A Educação do Campo precisa ser a expressão (e o movimento) da cultura camponesa transformada pelas lutas sociais do nosso tempo.
Pensar a educação vinculada à cultura significa construir uma visão de educação em uma perspectiva de longa duração; ou seja, pensando em termos de formação das gerações.
Valorização e formação dos educadores
A Educação do Campo têm construído um conceito mais alargado de educador. Para nós, é educadora aquela pessoa cujo trabalho principal é o de fazer e o de pensar a formação humana, seja ela na escola, na família, na comunidade, no movimento social; seja educando as crianças, os jovens, os adultos ou os idosos. Para atuação em diferentes espaços educativos.
O projeto político e pedagógico da Educação do Campo deve incluir uma reflexão sobre qual perfil do profissional de educação precisamos, e sobre como se faz esta formação.
Escola como um dos objetos principais da Educação do Campo
A luta pela escola, pelos seguintes motivos porque:
- · a negação do direito à escola é um exemplo emblemático do tipo de projeto de educação que se tenta impor aos sujeitos do campo;
- ·
- · a escola tem uma tarefa educativa fundamental, especialmente na formação das novas gerações; e
- ·
A escola terá tanto mais lugar no projeto político e pedagógico da Educação do Campo se não se fechar nela mesma, vinculando-se com outros espaços educativos, com outras políticas de desenvolvimento do campo, e com a própria dinâmica social em que estão envolvidos os seus sujeitos.
A Escola no projeto da Educação do Campo
a) Socialização: pode se dar desde a referência do individualismo ou da cooperação e da preocupação com o bem-estar coletivo; dos objetivos de consumo e de "se dar bem na vida", ou dos valores da justiça e da igualdade; desde a perspectiva de mudar a realidade ou de deixar tudo como está. O principal componente curricular da escola é ele mesmo: a experiência cultural de escola é pedagogicamente muito mais significativa do que a tematização da socialização ou apenas a tentativa de transformar determinadas relações sociais em conteúdo discursivo de sala de aula. A escola socializa a partir das práticas que desenvolve, pelo tipo de organização do trabalho pedagógico que seus sujeitos vivenciam; pelas formas de participação que constituem seu cotidiano.
b) Construção de uma visão de mundo: É tarefa específica da escola ajudar a construir um ideário que orienta a vida das pessoas, e inclui também as ferramentas culturais de uma leitura mais precisa da realidade em que vivem. É preciso refletir sobre como se ajuda a construir desde a infância uma visão de mundo crítica e histórica; como se aprende e como se ensina nas diferentes fases da vida a olhar para a realidade enxergando seu movimento, sua historicidade, e as relações que existem entre uma coisa e outra; como se aprende e como se ensina a tomar posição diante das questões do seu tempo; como se aprendem e como se ensinam utopias sociais e como se educam valores humanistas; também como se educa o pensar por conta própria e o dizer a sua palavra, e como se respeita uma organização coletiva.
c) Cultivo de identidades: trabalhar com os processos de percepção e de formação de identidades. As identidades se formam nos processos sociais. Pensando desde a intencionalidade política e pedagógica da Educação do Campo, há pelo menos
três aspectos que a escola deveria trabalhar com mais ênfase para ajudar no cultivo de identidades:
- Auto-estima: ao sentimento de ser capaz de iniciar e realizar atividades por conta própria, e à capacidade de autoavaliação sobre o que consegue fazer com eficácia, a partir de critérios que lhe são fornecidos pelo ambiente externo. (Bruner, 2001).
- Memória e resistência cultural: a aprender a valorizar a história dos seus antepassados, tendo uma visão crítica sobre ela; e a aprender do passado para saber projetar o futuro. É necessário um aprofundamento sobre como acontecem os processos culturais e a formação da memória coletiva de um grupo e de sua consciência histórica, e sobre como isso deve ser trabalhado pedagogicamente nas diferentes faixas etárias, e na especificidade das atividades escolares.
- Militância social: a escola deve ajudar no aprendizado da construção de utopias sociais. Se preocupar com a formação da disponibilidade pessoal à militância capaz de transformar essas utopias em projetos que mobilizem grandes massas, e em obras que já iniciem sua concretização. O envolvimento em processos de transformação social.
Socialização e produção de diferentes saberes
Socializar e produzir diferentes tipos de saberes e fornecer ferramentas culturais
necessárias ao seu cultivo.
Específicos dos processos de aprendizagem escolar: aprender a ler, a escrever, a gostar de ler e de escrever, a construir conceitos, a ler cientificamente a realidade, a fazer pesquisa, a tomar posição diante de diferentes ideias.
É preciso que o diálogo entre educadores e educandos permita a cada um ter consciência dos seus saberes, além de ampliá-los e diversificá-los pela partilha e produção coletiva de novos saberes.
A Educação do Campo deve incluir em seu debate político e pedagógico a questão de que saberes são mais necessários aos sujeitos do campo e podem contribuir na preservação e na transformação de processos culturais, de relações de trabalho, de relações de gênero, de relações entre gerações no campo; também que saberes podem ajudar a construir novas relações entre campo e cidade.
Esta é uma reflexão que deve continuar
A Educação do Campo precisa aprofundar sua reflexão sobre que formato de escola é capaz de dar conta destas tarefas indicadas e, especialmente, dedicar-se ao estudo de didáticas e metodologias que traduzam esta concepção de escola e projeto político e pedagógico em cotidiano escolar.
3ª parte: Plano de Ação (abaixo seguem orientações para elaboração dessa parte do texto)
Elencamos a seguir as ações que podem e devem ser desenvolvidas junto a comunidade escolar:
- Dinamização das equipes multidisciplinares, implementando ações coletivas, apoiadas pela gestão escolar.
- Revisão do plano de trabalho docente e do PPP da escola, com olhar investigativo para mensagens subliminiar que possam ter cunho discriminatório.
- Organização de reuniões/palestras com a toda a comunidade escolar, esclarecendo situações do cotidiano que são tidas como normais, mas que refletem uma sociedade desigual e discriminatória. Convidar representantes de cada segmento (afro-descendentes, indígenas, trabalhadores do campo) para expor, através de palestras, as situações enfrentadas em nossa sociedade, sensibilizando a todos.
- Possibilitar formação continuada e conscientizar todos os trabalhadores em educação sobre a sua responsabilidade em fatos vividos e/ou observados no interior da escola.
- Organizar grupos de estudos sobre os temas apresentados nos vídeos de Mário Sergio Cortella.
- Possibilitar formação continuada para todos
- Dar visibilidade a todos os estudantes, desde a sua matrícula ao cotidiano da sala de aula.
- Combate e enfrentamento a todas as formas de preconceito e discriminação
- Voltar o olhar para o respeito e admiração a todas as contribuições que negras/os, ciganas/os, indígenas, gays, lésbicas, ilhéus, assentadas/os, enfim, todos os chamados sujeitos da diversidade, já fizeram e ainda fazem para a construção de nosso país.
- Precisamos ensinar a amar, como nos disse Nelson Mandela, e para amar, precisamos conhecer.
4ª parte: Considerações Finais (Sugestões e Dúvidas a serem discutidas em um próximo momento de formação)
Compreendemos que este trabalho é um imenso desafio aos educadores da rede pública do Estado do Paraná, pois após anos de silêncio diante das situações apresentadas, é complexo discutir um tema que envolve valores pessoais e situações particulares. Mudar a postura do educador é fundamental para o início do trabalho.
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